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Boi Caprichoso evolui para homenagear ex-diretor Joaquim Lima

O Boi Caprichoso evoluiu nesta quarta-feira (07) para homenagear o ex-diretor financeiro do bumbá, Joaquim Lima, que faleceu no início da semana após complicações da covid-19, em Manaus (AM). O ato ocorreu em frente ao curral Zeca Xibelão, em Parintins (AM), durante o cortejo fúnebre organizado para homenageá-lo. Membros da diretoria, conselheiros de arte, itens oficiais e torcedores entoaram toadas antológicas e aplaudiram a trajetória de vida de Joaquim dedicada ao boi da estrela.

No Caprichoso, Joaquim era sócio-fundador, e também deixou sua marca como conselheiro de arte por diversas temporadas. Foi ele um dos idealizadores dos QG’s do boi, espaços dedicados à criação do espetáculo de arena nos meses que antecedem o Festival de Folclórico de Parintins. Membro de uma família tradicional azul e branca, ele é irmão do artista Juarez Lima e, atualmente, dedicava-se à vida de empresário na cidade.

O tripa, Marquinho Azevedo, recorda que a pandemia levou muitos torcedores icônicos do Caprichoso e se emociona ao lembrar de Joaquiam. “Já perdemos tantos irmãos neste período, já viemos tantas vezes aqui para o curral homenagear essas pessoas, e tudo isso nos machuca bastante. Mas ao mesmo tempo, a gente se sente honrado em poder prestar esse tributo a pessoas como o Joaquim”, comenta.

O apresentador Edmundo Oran foi o responsável por cantar as toadas antológicas e ele fez questão de lembrar do quanto Joaquim se doou ao Caprichoso. “Ele além de ser apaixonado pelo nosso boi, sempre foi aquela pessoa visionária, que estava além do seu tempo. Tudo que ele deixou aqui será perpetuado por cada um de nós, tenho certeza disso”, disse.

Bastante emocionado, Juarez Lima carregava um crucifixo nas mãos e disse que se orgulha do irmão por tudo que ele fez por Parintins. “Ele era um grande entusiasta de nossa festa, reuniu por diversas vezes com os artistas para alinhar os eventos do Caprichoso. Um homem que sabia o quanto era difícil organizar um boi de arena, um espetáculo à altura do Festival de Parintins, mas que sempre nos ensinou a não desistir, a sempre buscar fazer o melhor pelo nosso boi. Isso me enche de orgulho. Ele realmente deixou sua contribuição, sua marca”, frisa.

Joaquim Lima foi cremado e quem carregava suas cinzas durante o cortejo era seu filho, o compositor Joel Almeida. “Ele sempre nos ensinou duas coisas, ter fé em Nossa Senhora do Carmo e amar o boi Caprichoso. Isso sempre me inspirou e agora temos que seguir seus ensinamentos. Quando olhamos para o ciclo de sua vida, a gente se orgulha muito e por isso nosso coração está em paz neste momento”, pontua.

Centro de Documentação e Memória (Cedem)

Para manter viva a história secular azul e branca, a diretoria do Boi Caprichoso organiza a criação do Centro de Documentação e Memória (Cedem), projeto aprovado pela Lei Federal Aldir Blanc, por meio do Prêmio Feliciano Lana. De acordo com o presidente Jender Lobato, o espaço é para homenagear pessoas como Joaquim Lima, que deixaram um legado de amor ao Boi Negro de Parintins.

“Nós estamos com esse projeto de criar um acervo histórico para reunir os feitos, as conquistas, as histórias de grandes cidadãos que se doaram para erguer o que temos hoje. Nosso irmão Joaquim é uma dessas pessoas, um homem íntegro, que nos ensinou principalmente a jamais abandonar o Caprichoso”, enfatiza.

Texto: Marcos Felipe

Caprichoso Se Despede Da “Guerreira Do Galpão” Irlani Lima

O Boi Caprichoso evoluiu pela última vez para a “guerreira do galpão”, Irlani Maria Cruz da Cruz Fonseca Lima, 56, sócia e artista do bumbá. A homenagem aconteceu na tarde desta quarta-feira, (03/02), quando o cortejo fúnebre passou em frente ao Curral Zeca Xibelão. Irlani era esposa do artista plástico Juarez Lima. Sua figura sempre foi muito presente nos galpões de alegorias, nas pesquisas históricas, na concepção e construção dos módulos que marcaram alguns dos principais festivais na arena do Bumbódromo.

O tripa do boi Caprichoso, Markinho Azevedo, se emocionou ao ver que sua evolução era guiada por aplausos, lágrimas e orações. “Juarez eu te amo, amo sua família. A Irlani está marcada no coração de cada um dos artistas do Caprichoso”, disse.

Cria do reduto da Sá Peixoto, o famoso “Esconde”, Irlani pertencia a uma família apaixonada e tradicional azul e branca. Brincou no boi da estrela na testa e foi destaque por vários anos nas tribos Sateré-Mawé e Marajoara. Irlani também chamava atenção por sua fé e devoção a Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins. Ela foi mais uma vítima da Covid-19.

O artista Glaucivan Silva destaca que Juarez e Irlani foram responsáveis pelo crescimento de muitos trabalhadores na arte e na fé. “Cada pessoa que parte é um pedaço de nossa história que se vai, é um recorte de nossa vida, nossa convivência, de nossa infância, de nosso crescimento artístico e espiritual. Tudo isso nos deixa muito abalado”, frisa.

O vice-presidente do boi Caprichoso, Karu Karvalho, viu Irlani se apresentar como guerreira indígena. Seu talento como artista foi moldado por Juarez Lima. “Dona Irlani, o Caprichoso te agradece, a nação azul e branca te agradece por tudo o que a senhora fez pra gente nessa terra. Vamos lembrar de você sempre com alegria”, comenta.

Durante a homenagem, Juarez Lima Filho representou o pai, Juarez Lima, que continua internado em Manaus, e o irmão Thiago Lima. Bastante emocionado ele foi afagado por artistas, sócios e amigos. “O Boi Caprichoso é da minha família, minha mãe brincou a vida toda na tribo Sateré-Mawé antes mesmo de conhecer meu pai. Os dois trabalharam muito, deram a vida (lágrimas) aqui no galpão do Caprichoso. Minha mãe foi o esteio do meu pai e quem conhece sabe o quanto eles se doaram, o quanto esse lugar virou nossa casa, no qual vivemos momentos maravilhosos. Nossos amigos, promessas, são histórias que a gente vai levar para a eternidade, e eu estou muito grato por essa homenagem porque é o reconhecimento de tudo”, ressalta.

 

O presidente do Boi Caprichoso, Jender Lobato, lembrou que Irlani sempre foi uma pessoa ativa nas reuniões dos artistas, braço direito de Juarez Lima. “Uma mulher exemplo de companheira, de trabalhadora e de torcedora apaixonada pelo Boi Caprichoso”, destaca.

Irlani Lima também foi homenageada por amigos e familiares na rua Sá Peixoto, berço do bumbá azul e branco.